Esta pequena história me foi contada pelo amigo Manolo Epelbaun, jornalista nascido na Argentina e há mais de meio século no Brasil. Nos áureos tempos do turfe em Buenos Aires, havia um burrero que idolatrava Irineo Leguisamo mais do que tudo na vida. Todo páreo, encostava na cerca e quando o piloto entrava em pista, para o cânter, gritava sem parar: “Leguí”, “Leguí”, tentando chamar a atenção do jóquei, buscando um aceno ou até um sinal sobre aquela mont

Certo dia, numa noturna, já não agüentando mais a gritaria daquele fanático, Leguisamo o olhou fixamente e fez um sinal qualquer. Alucinado e feliz, o sujeito contou todos os pesos que tinha no bolso e apostou tudo no cavalo do “amigo” que lhe dera, finalmente, uma dica. Corrido o páreo, Leguisamo chega em quinto lugar. Desolado, o apaixonado e “duro” apostador, encosta na cerca e espera o ídolo passar. Quando o “mestre” se aproximou, vociferou, desolado: “Leguí, Leguí, não quero que morras nunca, apenas que engordes um quilo por semana”.
Outro exemplo da paixão dos argentinos por seus ídolos aconteceu quando o campeão Jorge Ricardo foi contratado pelo Stud Rubio B. e começou a montar apenas nas corridas do meio de semana, isso em janeiro de 2006. Numa das primeiras idas a Buenos Aires, entrou num táxi com destino a San Isidro e notou que o motorista o olhava constantemente pelo espelho retrovisor. O campeão ficou na dele, até achando que estava sendo reconhecido, embora não montasse com freqüência na capital argentina.
Em certo momento, o taxista não agüentou e disse ao brasileiro: “Muito bem, vieste para desbancar o Falero. Vou torcer por você, não me desaponte”. Ricardo desceu do táxi, não deu nenhuma gorjeta, é claro, mas ficou satisfeito com a manifestação.