sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

O cavalo que era viciado em “sonho”

Em primeiro lugar gostaria de me desculpar com os poucos mas sinceros amigos e amigas que gostam de acompanhar as histórias que conto neste espaço, que começou semanal, mas hoje em dia já não tem mais data para ser atualizado. Como sempre, desde a primeira postagem, o assunto trata de fatos verídicos (de verdade mesmo), sem aumentar ou criar nem um pouco. O matungo aqui em questão, algumas vezes aparece como personagem, ou coadjuvante de alguma situação engraçada. E, mais uma vez, atendendo aos cerca de oito ou nove amigos que conseguem, por bondade, perder alguns minutos de seu precioso tempo lendo estas baboseiras, vou contar um episódio envolvendo um belíssimo alazão, cara branca, de 520 quilos, viciado alucinadamente em “sonho”, aquela espécie de pão doce, recheado com creme. Pois este bicho, bom corredor, quase enlouqueceu o matungo aqui.

Desta vez, vou dar nome aos bois. Quando me transferi para São Vicente, em 1981, fiquei responsável pela última cocheira da vila hípica e resolvi, de início, morar no escritório, para ficar mais perto dos cavalos e já acordar pronto para o trabalho. No primeiro boxe, colado ao lugar onde eu dormia, estava alojado um lindo alazão, cara branca, chamado Kansas Boy. Cavalo bem corredor, em nível de pesos especiais, era manso e fácil de lidar. Numa certa noite, após jantar na cidade, passei numa padaria que ficava em frente ao hipódromo e comprei dois “sonhos”, aquele pão doce recheado com creme. E fui comendo pelo caminho. Depois do primeiro, enjoei e entrei na cocheira com o tal pão nas mãos. Ao entrar, me deparei com aquele “carão branco” me olhando. Aí tive a infeliz idéia.

Já enjoado com o tal do “sonho”, aproximei-me de Kansas Boy e ofereci a ele a guloseima. Ele cheirou, cheirou e sentindo a presença de açúcar na “parada”, não teve dúvida, abocanhou e saboreou o presente. Bom, até aí tudo bem. Na noite seguinte, voltei à noite pra cocheira e lá estava o “sujeitinho” me encarando, como se perguntasse: “Cadê o meu sonho”. Não dei bola e fui dormir. O bicho começou a cavar, a relinchar, a rolar na cama, sem parar. Fui olhar para ver se estava com cólicas ou outro problema e quando cheguei na porta do boxe, ele parou e ficou me olhando. Não acreditei naquilo e fui me deitar de novo. E outra vez o escândalo continuou. De novo fui até lá, abri a porta do boxe e ele ficou quieto. E o drama continuou até que fui à padaria e trouxe o “sonho”. Ele comeu e ficou feliz da vida, chegou a sorrir. Bom, isso durou até a primeira corrida dele, comigo. Ganhou e em seguida o entreguei para outro treinador, em Campinas, bem longe da baixada...Chega!

Um comentário:

Cerca Móvel (KL) disse...

KKKKKKKKKKKKKKKKKKKK, viu Matungo... o Kansas podia não falar, mas vc entendeu direitinho o que ele queria.. Parabéns.... esse sonho foi um sonho...