quarta-feira, 11 de junho de 2008

Barbada, aniversário e paixão

A noite em que tudo deu certo.

Não poderia, de forma alguma, neste espaço onde só conto histórias verídicas (de verdade mesmo), deixar de relatar algum episódio relacionado com meu amigo Zig, que nos deixou na terça-feira, de modo tão prematuro. Todos sabem de nossa amizade, que começou quando ainda éramos jovens e apaixonados pelo turfe e de nossa trajetória no jornalismo. Mas, sem dúvida, nem tudo que "aprontamos" é de domínio público. Há pouco, pensando no que ia escrever, lembrei-me de sua primeira vitória como proprietário, ocorrida na véspera de meu aniversário.

Foi uma noite em que tudo deu certo e vou dividir esta história com meus fiéis leitores. Era o dia 2 de dezembro de 1973, uma segunda-feira. No dia seguinte eu completaria 19 anos de idade e naquela noturna correria a alazã, de cara branca, Albarela, defensora da jaqueta de meu amigo Zig, treinamento do saudoso Cláudio Rosa. Era barbada de meia légua. Só precisava confirmar o trabalho. Se não me falha a memória, o jóquei era Lourival Maia.

Fim de tarde, já tínhamos uns trocados para jogar, mas Zig queria mais e pediu que o levasse ao Bar Amazonas (não existe mais) que ficava na Avenida Atlântica, esquina de Francisco Sá, em Copacabana. Ele ia tentar trocar um cheque com o dono, conhecido seu. Chegamos lá por volta das seis e meia da tarde e ele entrou para tentar trocar o bendito cheque. Fiquei do lado de fora e observei, numa das mesas, uma morena bem interessante e trocamos olhares. Amigo, com 19 anos e em plena forma, não titubiei. Puxei conversa, falei que ia correr a égua do meu amigo, no Jockey e a convidei para nos acompanhar. Ela topou.

Cheque trocado, grana na mão, morena do lado, embarcamos no meu TL azul, último tipo e fomos para a Gávea. Albarela estava inscrita perto do fim da reunião. Acho que sétimo páreo. Era tudo ou nada. Aliás, com o Zig sempre foi assim, não havia meio termo. Jogamos tudo que tínhamos na égua. Se perdesse, nem bolinho Plus Vita teria na minha festa.

Bom, Albarela deu um vareio, com pule alta (juro que não lembro), mas a grana foi boa. Na foto da vitória, sorrisos e euforia. Zig, eu, Miriam (a morena) acho que também estavam Nando, Bob e Rodolfo. a turma da pesada. Fim das corridas, vamos pra boate, afinal, são duas comemorações. Whisky rolando, cerveja, som de discoteca e Miriam, perto da meia noite, levanta-se e vai em direção ao "discotecário" (naquele tempo nem se sonhava com DJ). Zero hora e o responsável pela música na boate taca o maior "Parabéns Pra Você". Me apaixonei por ela na hora e ficamos juntos por quase dois anos.
Qualquer dia destes vou contar sobre outro aniversário meu, quando Zig, que havia acertado uma "bolada" nas corridas, fechou uma boate para a minha festa. Ah meu amigo, quantas boas recordações nestes 35 anos. Ele foi um cara iluminado. Inteligente, dono de um texto perfeito, brincalhão e irreverente. Ele soube viver a vida. Que Deus te receba de braços abertos. Mas não vá aprontar por aí e ilumine teu tricolor na Libertadores. Em sua homenagem, prometo que vou torcer (de verdade) para o título de vocês!

3 comentários:

Cidinha Madeiro disse...

Oi,Marco Aurélio,

O Zig tem historias para lotar BLOGs e BLOGs,sempre com o toque de irreverencia e bom humor,especialmente quando se tratava de amigo querido.Certa feita tivemos uma briga feia porque ele escondeu a minha passagem aérea à meia-noite eu viajaria no dia seguinte:às 8 da matina sairia para o Galeão com destino a Maceió.Desconfiei que era armação dele,que insistia em dizer que não sabia de nada e foi dormir. Só entregou a passagem na hora da minha saída,rindo,como se nada tivesse acontecido.O Alexandre assustado com a minha ira,a Dani idem,enquanto eu dizia poucas e boas para o nosso amigo.
Pois é, sigamos capengas sem ele. Não mais terei as brigas via telefone ou internet,não mais terei o meu guru-consultor-amigo-irmão-rebelde-fiel.
Estou muito triste MarcoAurelio,muito triste,aguardando seu telefonema.Sinto-me um farrapo humano. O Zig nos faz falta. Um beijo grande e uma saudade enorme.Divido com você a minha dor.
Cidinha Madeiro

Cerca Móvel (KL) disse...

é matungo... agora iremos ver esse blog com mais historias interessantes... vc e o zig sempre deram show...
te adoro e peteca pra frente

Anônimo disse...

sou fã do Zig , desde que lia regularmente as cronicas maravilhosas dele ... rs